Certas coisas passam de inaceitáveis a guilty pleasures e daí a completamente naturais numa velocidade que chega a surpreender. O funk é um caso sintomático: parece haver um acordo silencioso segundo o qual os homens não o ridicularizam para que as mulheres possam continuar dançando sem tanto peso na consciência. Assim sai todo mundo ganhando: as mulheres podem dançar sem ser consideradas alienígenas e os homens podem assistir a tudo sem o estigma da depravação. O entretenimento no Rio de Janeiro vive desse acordo.
A inserção dessas maluquices no que é considerado socialmente aceitável desafia a nossa criatividade. É como se um sujeito dissesse numa conversa informal que desertou do seu pelotão numa guerra e nós tivéssemos de rebater com um comentário conciliador, 'ah, essas guerras são complicadas mesmo'. O sujeito dá uns tapas na mulher e nós observamos que a moça era realmente insuportável. Quando me perguntam o que acho do funk, observo que no estado do Rio de Janeiro não há nada mais natural, deixando por conta do interlocutor a associação entre a frequência de um evento e sua razoabilidade.
De todos os brasileiros que conheci até hoje, os fluminenses parecem ser os mais orgulhosos de sua terra (seguidos de perto por mineiros e cearenses). De fato há por lá muitas belezas naturais, humanas ou não, mas minha impressão geral foi a de que a desordem impera. Como diria uma atriz global aterrorizada com a capital, 'a lei não funciona e os carros páram em cima das calçadas'. Eis aí mais um bom termômetro civilizacional: o respeito às vagas de estacionamento.
Depois de algum esforço consegui convencer meus amigos cariocas a reconhecer que o carioca é mais malandro. A amizade tem dessas coisas constrangedoras: cariocas sendo levados à sinceridade sobre si mesmos! O certo é que eles personificam como ninguém (à exceção talvez dos baianos, os cariocas do nordeste) o caráter brasileiro. Sobre o caráter brasileiro creio já ter falado até demais por aqui. Fica então minha despedida ao Rio, terra muito bonita para onde espero não ter de voltar tão cedo, a menos que de férias.
A inserção dessas maluquices no que é considerado socialmente aceitável desafia a nossa criatividade. É como se um sujeito dissesse numa conversa informal que desertou do seu pelotão numa guerra e nós tivéssemos de rebater com um comentário conciliador, 'ah, essas guerras são complicadas mesmo'. O sujeito dá uns tapas na mulher e nós observamos que a moça era realmente insuportável. Quando me perguntam o que acho do funk, observo que no estado do Rio de Janeiro não há nada mais natural, deixando por conta do interlocutor a associação entre a frequência de um evento e sua razoabilidade.
De todos os brasileiros que conheci até hoje, os fluminenses parecem ser os mais orgulhosos de sua terra (seguidos de perto por mineiros e cearenses). De fato há por lá muitas belezas naturais, humanas ou não, mas minha impressão geral foi a de que a desordem impera. Como diria uma atriz global aterrorizada com a capital, 'a lei não funciona e os carros páram em cima das calçadas'. Eis aí mais um bom termômetro civilizacional: o respeito às vagas de estacionamento.
Depois de algum esforço consegui convencer meus amigos cariocas a reconhecer que o carioca é mais malandro. A amizade tem dessas coisas constrangedoras: cariocas sendo levados à sinceridade sobre si mesmos! O certo é que eles personificam como ninguém (à exceção talvez dos baianos, os cariocas do nordeste) o caráter brasileiro. Sobre o caráter brasileiro creio já ter falado até demais por aqui. Fica então minha despedida ao Rio, terra muito bonita para onde espero não ter de voltar tão cedo, a menos que de férias.
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