É comum usarem um 'é natural' para justificar desvios comportamentais, mas naturalidade não serve como desculpa quando se sabe que é natural ser selvagem, também. Eu mesmo, na tentativa de irritar amigos esquerdistas, gosto de apontar que tal ou qual atitude do povão, quando convenientemente contrária ao ideário esquerdista, é natural, sugerindo sub-repticiamente que o natural é um encaminhamento divino para o correto.
Respirar é natural e inevitável; espirrar com estardalhaço também é natural, mas esperamos com certa dose de razoabilidade que o estardalhaço não se dê em público. Fala-se muito em espontaneidade e suas vantagens, mas não há muitas vantagens se você acredita, como eu, que o ser humano precisa de muito treinamento para chegar a ficar tolerável. Cada gesto espontâneo é uma distração do pupilo humano, verdadeiro lapso na escola da vida.
A prova insofismável da tendência humana à selvageria é o bebê recém-nascido: sem a devida instrução, ele permanecerá um nojentinho por tempo indeterminado. Muitos responderiam que a verdadeira tendência humana é a organização, já que, como vemos, acabamos ficando razoavelmente organizados depois de alguns milhares de anos. Acontece que regras de higiene e conduta não são seguidas por convicção individual de todos, e sim porque aqueles poucos que de fato se preocupam com isso convenceram, sabe-se lá como, o resto da população mundial. A hipótese de que o bom e o verdadeiro se confundem é, vemos agora, essencial: se os bons começam a mentir, mentira torna-se verdade e continuamos a nos lambuzar em refeições para sempre.
Respirar é natural e inevitável; espirrar com estardalhaço também é natural, mas esperamos com certa dose de razoabilidade que o estardalhaço não se dê em público. Fala-se muito em espontaneidade e suas vantagens, mas não há muitas vantagens se você acredita, como eu, que o ser humano precisa de muito treinamento para chegar a ficar tolerável. Cada gesto espontâneo é uma distração do pupilo humano, verdadeiro lapso na escola da vida.
A prova insofismável da tendência humana à selvageria é o bebê recém-nascido: sem a devida instrução, ele permanecerá um nojentinho por tempo indeterminado. Muitos responderiam que a verdadeira tendência humana é a organização, já que, como vemos, acabamos ficando razoavelmente organizados depois de alguns milhares de anos. Acontece que regras de higiene e conduta não são seguidas por convicção individual de todos, e sim porque aqueles poucos que de fato se preocupam com isso convenceram, sabe-se lá como, o resto da população mundial. A hipótese de que o bom e o verdadeiro se confundem é, vemos agora, essencial: se os bons começam a mentir, mentira torna-se verdade e continuamos a nos lambuzar em refeições para sempre.
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